quinta-feira, 17 de março de 2011

Em Sentimento Benévolo





"Afabilidades vulgares nuperpublicadas
Batimentos cardíacos,disritmia,coisas infundadas
Reunião central de tais atos,partilhados,prato a prato
Um brilho ofuscante,a frente,ao lado,ou mesmo perante

Brisa no rosto,levando o desgosto e deixando o sorrir
Estar junto a ela,esperar na janela e nunca mais partir
Na cama quentinha,tua boca na minha,o meu corpo no teu
Sentir-se completo,me banhar em afeto e dormir no apogeu

Em lençóis encobertos,corações mais abertos,te ouvir susurrar
Com as portas trancadas,frases exageradas,te fazer delirar
Ardendo vida em fervor,dilacerando o pudor,irrequieta permaneceu
Sem nenhuma discórdia,o pólen e a abelha,gineceu e androceu

O medo ja não há,duas almas e um par,pétala que vigora
Vem chegando ligeira,tal mulher cervilheira,me mostrando agora
Que não existe novela,só a tampa e a panela e o fogo a queimar
Me derrama no colo,me abusa no ouvido,faz de mim teu jantar

Beberica aqui tua flora,deixa o mundo inóspito de lado
Pinte os contornos,os detalhes,bem juntinho em meu quadro
Desprovidos do que nos leva,cada criatura que passa,olha e não se move
Encanta-se e vê,na minha face e em teu espelho,antes mesmo que se prove

Loucuras perdidas,partes encontradas e um galalau a te olhar
Eu em fúria me pego,de relance morteiro para ele mostrar
Que esta flor me pertence,me fecunda semente,em orvalho cristal
Num repouso perfeito,gargalhar bem festeiro,banquete de natal."



E seja aqui ou em outro cosmos,nunca houve e nem haverá,nada como você e eu. 



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terça-feira, 15 de março de 2011

Insensatez





"No meu lançar de protestos,honestos
Ela me responde com subterfúgios,bem curtos
Denomina-os de timidez,outra vez,insensatez
Me encontro desconvexo,perdido, rumando sem nexo

Parto-me ao meio,duas cascas,sem recheio
Uma parte pra mim,outra pra ela,ambas tão singelas
Sem medo,orgulho,temor ou receios
Me sirvo em doce presença,cravo e canela

A sobremesa esmorece,derrete,se inverte
Fica amarga,áspera,diferente de confete
E nesse vai e vem,eu nauseado,passando nada bem
Buscando minutos roubados,levados por ela não sei para quem

A pertinência quase breve,titubea em regaço
E eu me sentindo meio poeta,as vezes meio palhaço
Distorcido em figura,alçado no comprometimento
Com os pés no chão,mas voando no meu sentimento

O jogo recomeça,oscila,continua
O corpo sem pudor,a pele nua e crua
Pêlos e poros,ouriçados e atentos
Matando a sede,buscando a fome,em todos os momentos

Nenhuma promessa,muitas palavras soltas,dispersas
Falta de atenção,demora,desorientação
Nada de paralelos,lestes ou nortes
Apenas uma luz surreal,que instiga e me torna forte

E nesse caminho estreito,fechado e de pedra
Você se faz claridade,contornada com sua auréola
Eu me disfaço em flores vermelhas,brancas e amarelas
Carregando na boca um presente,uma rosa envolta a uma pérola."




E quando chegada a hora,a claridade se fará de dentro pra fora.




domingo, 13 de março de 2011

Dias de Chuva




"Há dias ela derrama lá fora
Traz consigo escuridão,angústia,coisas de outrora
Escorre pelas paredes,carros,esgotos
Desliza junto à lágrima no rosto do pai,que teve o filho morto

Impiedosa vem lavar as coisas mundanas
Encharcar calçadas e avenidas,em gotas insanas
Rasgando o céu de forma suave,as vezes violenta
Mostrando sua força,na forma em que a natureza se apresenta

Carregada de intensidade e persistência
Nos priva à liberdade de nossa própria casa,nos testando a paciência
Pingo a pingo,água e mais água,pertinente
Ando de um lado para o outro,ouço músicas,fico impaciente

Minha mãe não me entende,e sempre diz que ela é boa
Mas é como num romance,se regar de mais,acaba que magoa
É sabido que os seres necessitam de uma dose dela,
Mas podia ser mais esporádica,regrada,talvez em parcelas

Parece que presenteia os dias de Sol com férias,
Deixando-o descansar,deitado a cochilar,renovando as artérias
Passarinhos escondidos,no ninho reprimidos,almejando voar
Flores sem pétalas,magricelas e molhadas,desejando desabrochar

To cansado do céu nublado,do corpo infurnado,no quarto melancólico
Quero mais é fritar no sol,no calor do asfalto,nos meus dias bucólicos
Tudo que não seja tão macabro,como dias fechados,para um pobre servil
Respirar as essências,quebrar obediências,tudo muito sutil

Enquanto a casa permancer fechada,com as janelas seladas,eu irei padecer
Hibernar feito um urso,sem fazer meus discursos,tão somente a escrever
Com as idéias crescentes,com a pele ardente,esperando o Solar
Pronto para a batalha,sem fazer qualquer guerra,espreitando o calor chegar."


Eu não penso que ela seque,ou deixe de cair. Apenas preciso que ela se faça menos egoísta...