sábado, 11 de dezembro de 2010

Utopia?

'Passamos a ser criaturas vestidas, de corpo e alma. E, como a alma corresponde sempre ao corpo, um traje espiritual estabeleceu-se. Passamos a ter a alma essencialmente vestida.'   Fernando Pessoa



 
Eu aspiro uma liberdade assombrosa, uma nudez de alma (e de corpo, por extensão). O que me oprime me deprime. Vivo dias difíceis. Todos vivemos.
Certo que há alguns que preferem aderir às máscaras e trajes, e não se sentem incomodados, mas acomodados. Destes pobres, a alma já foi roubada, vendida ou perdida há muito. Têm os que se despem apenas para alguns, e os que se despem no escuro. E quem se despe quando só, também.
Dói-me não possuir a liberdade em totalidade. Aqueles momentos em que floresce a vontade de despir-me corpo e alma, pisar no gramado à beira do rio, cantando ou declamando poesias. Sentindo a natureza. O ar, a brisa, a chuva. Seria atentado ao pudor (nosso Sistema não o é...) e, por certo, me internariam!
Dói-me não poder ser pleno em palavras e atitudes com pessoas que gosto e que gostaria de poder mostrar-me sempre inteiro. Tristes tentativas frustradas, as minhas. Só fiz afastá-las de mim, e ser considerada “uma pessoa descontrolada”.
O mundo irá esmagar-nos a todos, com ou sem o nosso consentimento, apenas pela nossa inércia. Cada vez mais a realidade violenta, gananciosa e mesquinha nos é imposta goela abaixo, sem pudor, na poesia que deveria ser nossos dias. Não falo em alienação: a realidade cruel existe, mas, como nem tudo são flores, nem tudo são dores também. Um pouco mais de gentileza, compaixão e poesia; um pouco menos de sensacionalismo (da mídia), preconceito e hipocrisia.
Nem chega a ser utopia, apenas um sonho (quase) perfeito. Um sonho de liberdade.


 

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